Professores não dormem
Ao ler uma matéria intitulada “Professores, acordem!”, escrita por Gustavo Ioschpe, publicada na Revista Veja, fiquei
indignado, entristecido. Este cidadão tem muito que aprender sobre a função do professor.
No meu entendimento é um despreparado para falar sobre a nossa profissão.
Provavelmente
o sujeito não tem informação sobre a atual condição e função do professor. Na
matéria, o colunista generaliza de forma abusiva a condição do Professor,
colocando-o numa situação até mesmo vexatória. Afirmando dentre outros absurdos
o seguinte: “Caros professores: vocês se meteram em uma enrascada. Há décadas,
as lideranças de vocês vêm construindo um discurso de vitimização. A imagem que
vocês vendem não é a de profissionais competentes, mas a de coitadinhos,
estropiados e maltratados”.
Primeiramente, não somos coitadinhos, estropiados e maltratados. Não somos
heróis... E não somos abandonados pela sociedade e pelos governos. Somos apenas
uma categoria que lula por melhor condição de trabalho, estrutura, e
evidentemente, melhor salário, porque a Constituição da República Federativa do
Brasil nos dá esse direito. Se a qualidade do ensino brasileiro hoje é muito
melhor que anos atrás é porque galgamos essa condição. O professor é apenas uma
peça fundamental nesse contexto. É preciso muita conquista ainda, por isso,
lutamos para melhorar a educação brasileira.
Professor
é o que ensina; mestre: a escola tem bons professores. Professor é aquele que
faz da Escola a luz promissora de uma sociedade; é o que ensina, aprende e ama
o que faz; é o senhor da educação de um país; é um ser humano como qualquer
outro... A diferença é que essa profissão faz a diferença.
O professor se atualiza
constantemente para manter seus educandos preparados para a vida. Encaminha a
sociedade a um mundo melhor. Ensina seus alunos a importância do
Ensino-Aprendizado. Orienta-os a caminhar e os valoriza como cidadãos. O
verdadeiro professor não precisa acordar porque não dorme na escuridão dos
ignorantes.
É óbvio que a participação dos pais, do governo, da sociedade e de todo aparato
que envolve o ensino no Brasil, são relevantes. O futuro do povo brasileiro
depende da qualidade do ensino-aprendizagem para garantir uma vida promissora
em sua profissão. A educação brasileira é uma responsabilidade de todos. O
professor é apenas o monitor que transmite conhecimento ao seu aluno para que
ele possa seguir seu caminho em frente e vitorioso. O aluno na escola aprende a
lição dos livros e a lição da vida. Obtém conhecimento para vencer as
vicissitudes e as pedras no meio do seu caminho. O professor é a luz, o aluno o
futuro da Nação.
“Em 1922, na inauguração da exposição internacional da Independência, no Rio de
Janeiro, o presidente da República Epitácio Pessoa também aguardava nossa
entrada no progresso, ao arrolar vários dados estatísticos como prova de nossa
integração à sociedade civilizada, em que incluía as iniciativas no campo
educacional, cultural e sanitário, sempre com um enfoque evolutivo: [...]
alguma coisa temos feito e muito poderemos ainda realizar, fazer para o futuro,
depois deste passo tão difícil do primeiro centenário de vida emancipada. [...]
da instrução temos cuidado com o possível desvelo; de 1907 a 1920, o aumento
dos cursos elevou-se de 72%, e o de alunos de 85% o que revela o esforço do
país, nos últimos anos, pelo incremento da sua instrução. (Rio de Janeiro,
1923, p. 363). Naquele momento, o nascimento da nação se demarcava com a
Independência. Agora, o referencial se volta para 1500. O chamado Sítio do
Descobrimento foi objeto de intervenções cirúrgicas, visando mostrar o Brasil
que mais uma vez espera a chegada do futuro. Até mesmo a educação infantil foi
objeto de um projeto, financiado pela Fundação Orsa, coordenado por colegas que
não quiseram perder a oportunidade de desenvolver um programa que pudesse contribuir
para as crianças e os profissionais (Kishimoto et al., 2000). Entre um momento
e outro, permanece o muito por se realizar. A realidade nacional, e nela a
situação da educação das crianças pequenas, não permite fazer da data um
convite ao esquecimento".
Valorizar a educação desde a pré-escola às universidades é o caminho que deve
seguir o país que pensa grande, em desenvolvimento e futuro promissor. Só
através da educação se erradicará a miséria mental, a pobreza de espírito
e a ignorância. Através da Educação tiraremos o povo da cegueira e,
certamente, construiremos um Brasil digno, justo e de igualdade social. A
educação é o equilíbrio de uma sociedade.
Quem tem que acordar é este colunista que está cego ou fingindo não ver a
realidade da Escola e do professor brasileiro. Basta ver o que muitos
professores têm que fazer para cumprir seu dever. Muitas vezes tem que tirar
leite de pedra para não parar de lecionar. Muitas escolas no Brasil estão em
condições precárias. Muitas, sequer, têm cadeiras e carteiras em salas de
aulas. Isso é lamentável!... Professores dão aulas debaixo de árvores
porque a escola não existe mais.
Antes
de tecer tais críticas absurdas, esse colunista devia conhecer melhor a
condição da Escola no Brasil. É por essas e outras que a nossa luta continua,
não para. Nosso grito é por uma Educação de qualidade e de respeito em todos os
sentidos. Encaramos o problema de frente sem medo, sem mágoas e de cabeça
erguida. Ele afirma que o salário de um professor em Cuba é de 28 dólares... Eu
digo que ele pode ir pra Cuba trabalhar por esse salário... Problema dele.
Cada
um sabe de sua profissão e de sua responsabilidade, competência e compromisso
com a sociedade que representa. A luta de classe é um direito na Constituição
Brasileira, e cada uma deve lutar pelos seus. Nós estamos conscientes que muita
coisa precisa mudar e melhorar na educação brasileira em toda a sua estrutura.
Contracheque gordo não é nossa prioridade. Nossa preferência é que se faça
justiça em todos os quadrantes da Educação em nosso país, desde sua estrutura à
dignidade do profissional que trabalha incansavelmente para que a Nação
Brasileira tenha um povo qualificado para o mercado de trabalho e em condição
de viver com sabedoria, feliz, e, acima de tudo, com respeito à sua profissão e
a dos outros.
Por Prof. Osmar Fernandes
Professor e historiador
Veja matérias:
Sábado, 22 de março de 2014
ACOPIARA: ABSURDO... ALUNOS ESTUDAM DEBAIXO DE ÁRVORE
Há muitos dias que populares ligam
para a Rádio Carinhosa AM (1.450 khz) para denunciarem sobre um fato absurdo
que tem se registrado na escola municipal Francisco Uchoa localizada na Vila
Esperança.
Simplesmente alunos estão
estudando debaixo de uma árvore.
Sabedores os vereadores Vicente
Junior e Itamar Feitosa resolveram ir até a escola para constatar a denúncia e
chegando lá ficaram surpresos com o que viram e tiraram fotos para serem
mostradas na sessão da Câmara Municipal.
Os vereadores compararam aquela
situação com muitas escolas na África, onde alunos estudam debaixo de sol
escaldante ou de árvores.
A que ponto chegou a educação em
Acopiara!!!
Essa é a situação da escola
Francisco Uchoa na Vila Esperança. Os alunos estão estudando debaixo de uma
árvore.
Essa é a realidade.
Publicado
em 05/09/2012 13h49 - Atualizado em 05/09/2012 13h57
Alunos
assistem aulas debaixo de uma árvore por falta de salas em escola de Rio Pardo,
distrito de Porto Velho
O sol escaldante desta
época do ano vence a barreira de fumaça e poeira e atinge com vigor os alunos
que se protegem na escassa sombra de uma árvore, ao lado da escola em Rio
Pardo, distrito distante cerca de 150 quilômetros de Porto Velho.
Isso mesmo! Na cidade
com orçamento anual de mais de R$ 1 bilhão, no Estado com mais de R$ 6 bilhões
de orçamento, alunos se espremem embaixo de uma modesta árvore para tentarem
assistir aula.
A cena vergonhosa
acontece diariamente, nos turnos da manhã e da tarde. Sem salas de aula, a
saída foi aproveitar a pequena sombra da cada dia mais desfolhada árvore para
continuarem as aulas, que só começaram na metade do ano, por falta de
transporte escolar, de professores, de carteiras e de espaço adequado a todos.
No local, funcionam de
modo precário e improvisado, duas unidades escolares: a Escola Estadual Maria
de Abreu Bianco, com cerca de 450 alunos e a Municipal Rio Pardo, com
aproximadamente 350 estudantes.
São na verdade dois
barracões de madeira, sem nenhum conforto. Faltam carteiras novas, refeitórios,
apenas dois banheiros atendem aos mais de 800 alunos e o calor nas salas é
insuportável, apesar das enormes frestas entre as tábuas que sustentam o
combalido prédio. Os poucos ventiladores instalados estão inoperantes. A
merenda escolar é escassa.
Ao lado da árvore que
serve de “sala de aula” estão um campinho de terra batida e uma quadra de
areia, instalada graças á doação de um empresário local. Há apenas uma surrada
bola de basquete para os jogos de futebol e vôlei. Sem tabelas ou cestas, o
basquete não é praticado. (...)
Fonte: http://www.rondonoticias.com.br/ler.php?id=113091