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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

AUMENTAR IMPOSTOS NÃO É A SOLUÇÃO, GERA RAIVA E DESCONFIANÇA


          Tributo é tudo aquilo que o governo arrecada para si para que possa prestar serviços públicos essenciais aos seus cidadãos, como educação, saúde, segurança, entre outros. Esta arrecadação ocorre por meio de alguns tipos de cobranças que o Estado tem o direito de fazer sobre seus cidadãos, como Imposto de Renda, INSS, IPTU, IPVA, Imposto sobre Importação, entre muitos outros. Estas cobranças são subdivididas em três tipos: impostos, taxas e contribuições.

          O poder público brasileiro continua oferecendo péssimo retorno aos contribuintes, no que se refere à qualidade do ensino, atendimento de saúde pública, segurança, saneamento básico, entre outros serviços. Por isso, aumentar impostos é uma afronta à população, que vive indignada. A maioria dos governantes, nas três esferas, o faz, para sanar as próprias contas públicas que não fecha o seu mundo contábil, por gastos astronômicos, dinheiro malgasto, obras inacabadas e a corrupção.

          O povo está cansado de pagar as contas de governos incompetentes, inoperantes e corruptos. Ao invés de aumentar impostos, a preocupação deveria ser outra: enxugar a máquina administrativa, atrair empresas para dar empregos e melhorar a qualidade dos serviços públicos, isso sim, seria louvável. 

          Ao invés de cobrar a tarifa de transporte para os nossos estudantes universitários, devia se pensar num projeto maior: isentar a tal taxa e priorizar o ensino superior para que nossos acadêmicos tenham ânimo para estudar e para se qualificarem e se prepararem para um futuro melhor de sua vida e de seu país. O Estado não pode ser o causador do fim do sonho UNIVERSITÁRIO, ao contrário, tem que ser o incentivador, o sustentáculo, e dar condição para tal realização. A gratuidade desse transporte é um dos fatores relevantes para que o sonho do ensino superior continue aceso dentro do coração do nosso acadêmico; terminar com essa esperança é fechar a porta do futuro educacional para a nossa família, para o nosso filho e para o nosso país.

          Aumentar impostos não é a solução, gera raiva e desconfiança. O povo não aguenta mais pagar por tanto imposto e não ter o retorno em forma de serviços públicos de qualidade. Governo que aumenta impostos, num país como o nosso, que já tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, é incompetente, desumano e não tem plano de governo compatível com o seu cargo, deveria renunciá-lo. Aumentar impostos é escravizar uma população que há muito vive sofrida e desamparada pelos serviços de má qualidade do setor público brasileiro.


Prof. Osmar Fernandes, 09/11/2017

Código do texto: T6167019 

sábado, 21 de outubro de 2017

O Anjo Loiro - conto



           Em Santana do Sul, cidadezinha do interior, o mundo parecia ter parado ali. A base de sua economia provinha da agricultura. De pouco comércio, fábricas de fundo de quintal, de pouco mais de l.500 (um mil e quinhentos) habitantes – a maioria morando na zona rural – vida pacata. Conhecida como a cidade dos aposentados (de salário mínimo). Na zona urbana quase todo mundo era funcionário público. Da região do vale da boca de fogo era a esquecida. Morava ali muita moça bonita e quase nenhum rapaz.
          A única escola de ensino médio estava condenada a fechar, devido a pouca frequência. Só havia alunas. Os alunos nessa idade mudavam-se, iam embora em busca de trabalho e cursos técnicos em outras cidades.
          Com o passar dos anos essa situação agravou-se, criou um problema social, emocional e familiar. Os velhos estavam morrendo; a taxa de natalidade quase foi extinta – percentual quase zero. Era um nascimento esporádico a cada cinco ou seis anos. O desespero das moças virgens, das titias, era de dar dó, de  se ficar embasbacado.
          Santana do Sul estava virando um deserto, uma cidade tipicamente fantasma, assombrada, esquecida num canto sem importância, no meio do nada, do mapa do mundo. Viam-se velhos aposentados papeando e ou jogando baralho nas praças públicas e nada mais.
          A bela moça donzela já não passeava... Não tinha lá fora um olhar que atraísse sua atenção, seu desejo, tudo era muito quieto demais. O silêncio invadia o desespero de sua alma. Não havia juventude, tudo era velho em demasia, não havia animação, nem vida, nem prazer.
          Era a cidade dos esquecidos. A única esperança era tornar-se maior de idade e fugir de casa. Coisa que uma ou outra se atrevia pôr em prática no ápice da desilusão.
          Certo dia, Edviges, moça pura, que nunca desejou ser freira, recebeu um aviso em sonhos de sua amiga do peito, Isabela Caputte, dizendo que estava muito doente, que ardia em febre, que ia morrer. Diferente dela, Caputte sempre foi mais extrovertida, e tinha ideias avançadas para o seu tempo. Edviges, aflita, como se ouvisse os clamores da colega por telepatia, num pestanejar, sentindo algo estranho, um calafrio, resolveu visitar a amiga pessoalmente.
          Quando já estava no portão de sua casa, dona Marcelina, sua mãe, conversava com dona Sofia Geara – senhora rígida aos moldes dos tempos idos – muito conceituada. Dona Marcelina, vendo a filha meio abatida, chamou-lhe a atenção, dizendo: - Onde vai a essa hora Edviges? Já é muito tarde para moça de família sair. No meu tempo, a essa hora eu já estava no último sono. Edviges respondeu à mãe: - Vou à casa de Isabela, mãe. Ela anda doente, está ardendo em febre.  Não se preocupe, nem espere por mim. Vou passar a noite lá, mas, volto a tempo de ir para o colégio, tá?
          Sua mãe advertiu-lhe, dizendo:- Edviges, minha filha, chame seu pai para acompanhá-la. Está muito tarde para ir só. Moça que anda na rua a esta hora sozinha, fica mal falada, cai na boca maldita do povo. Dona Sofia Geara, ouvindo aquela conversa entre mãe e filha, intrometeu-se, dizendo:- Sua mãe tem razão. É muito perigoso andar sozinha, já é tarde.  Pode encontrar um louco na rua ou um tarado... Deus me livre! A gente nunca sabe o que há por detrás da cortina da noite, minha filha, cuidado!
          Edviges, morrendo de tanto rir, disse:- Dona Sofia, pelo amor de Deus! Desse jeito a senhora ainda me mata de tanto rir. Nesta cidade nunca acontece nada, parece cidade dos mortos vivos... Nunca ouvi dizer que alguém foi atacado por aqui.
          Dona Marcelina, rindo junto com dona Sofia, disse à filha:- Vá com Deus, minha filha! Não se esqueça que amanhã você tem prova. Volte bem cedinho, a mamãe vai lhe preparar aquele café colonial.
          Edviges, partiu, e quando estava a cinquenta  metros do cemitério, ouviu um elogio sair de uma voz  melodiosa, dizendo:- Das donzelas és a mais bela... "Todo gosto é gostoso, se eu gosto, eu desejo, mas, se o desejo, não vejo, sei que é pecado".
          Ela ficou enlouquecida e enfeitiçada. Nunca havia sido paquerada, sentiu-se “poderosa”, e correu o olhar para descobrir quem era o dono daquela voz que parecia tão jovem. Continuou a caminhar, agora, a passos lentos, faceira, quando, na esquina, através da penumbra da luz da lua, deparou-se com um belo rapaz de cabelos louros encaracolados. Foi encanto de moça donzela à primeira vista, suspirou, profundamente, não acreditando no que via, e quase desmaiou. Sussurrou, maravilhadamente, e disse: -Quem é você? Nunca lhe vi por aqui. É parente de quem ? O rapaz nada respondeu, hipnotizando-a, e, dominando-a, beijou-lhe a boca. Foi o primeiro beijo de Edviges. Ela ficou estonteante, esvoaçou pelas nuvens. Ele a levou mais adiante, e, no meio do mundo, no ninho da vida, deitou-a, amou-a, voluptuosamente, como um verdadeiro amante.
           Às dez horas da manhã, assustada, com o sol em seu rosto, despertou de seu sono profundo, viu-se nua, e seu subconsciente lhe confidenciou: “Foi sonho, devaneio ou foi real?” Meu Deus! O que me aconteceu?
           De repente, ao se vestir, sentiu algo estranho. Seu corpo estava leve como uma pluma, algo estava diferente, não sabia discernir o que era. Sentiu um perfume exalar à sua volta. O aroma estava impregnado no seu corpo. Confusa, voltou à sua casa, e lá chegando, ficou surpresa, deu de cara com muita gente, e sua mãe, chorando e desalentada, disse-lhe: - Minha filha, pelo amor de Deus! Onde você estava, até agora? Quase morri de tanta preocupação. Todo mundo estava à sua procura.  Seu pai está  de cama por sua causa. Onde você dormiu? Que cheiro é esse?
          Edviges, nada respondeu, como se estivesse em transe. Foi para o quarto e enquanto subia os degraus, dona Célia, a fofoqueira, logo observou que a ponta do seu vestido estava manchada de sangue, e foi logo dizendo ao pé do ouvido de outra linguaruda:- Vê, Efigênia, o vestido dela está melado de sangue. Tenho certeza como tem Deus no céu, que andou de safadeza por aí com algum velho.
          Efigênia, sem papas na língua, foi logo soltando o seu veneno: - Que velho sem-vergonha deflorou a “bichinha”, inocente, caipira? Essas moças de hoje em dia são tão bobinhas, caem na conversa de qualquer um, não é mulher? Será que não foi o seu velho? Andam dizendo por aí que você “não dá mais no coro”, é verdade? Ainda dizem, que ele está soltando fogo pelas “ventas”, tá cheio de energia, sentindo-se um garotão de quarenta. Será que foi seu velho, comadre?!
          Dona Célia, pega de surpresa, pois achava que ninguém sabia de sua vida íntima, dos seus segredos, disparou, dizendo: - Se ele fez uma coisa dessas comigo, mato esse desgraçado, mas, primeiro, capo o infeliz. Depois eu o amarro de cabeça pra baixo, e fico assistindo sua agonia até morrer.  Ele sabe que sou assim. Não admito traição. Já tenho mais de setenta, e ele também.  Não “brincamos” dessas coisas há muito tempo. Ah, se ele fez isso!
          Dona Célia, deu uma pausa, pensou, e disse:- Pensando bem, creio que você está enganada, pois fiquei sabendo que o seu Bartô não dormiu em casa essa noite passada, comadre, onde ele estava?
          Comadre Efigênia, meio sem graça, coçou a longa cabeleira – verdadeiro “fuá”– e disse:- Credo, mulher!... Não fale uma coisa dessas do meu santo, não! Ele foi só jogar cartas com os outros. O vício desses nossos homens é jogar a porcaria do “truco”.  Passam horas, noites adentro no baralho, e você sabe disso. Não sabe?
          Dona Célia, categoricamente, disse: - É, comadre, "pimenta nos olhos dos outros é refresco!". Santo, nenhum homem é. Em se tratando de “rabo de saia”– ainda mais, novinha - todo homem quer; é sem-vergonha. Já viu falar o ditado que “bode velho baba por uma cabritinha nova?”. Pois é...  O meu, hoje, não é mais aquele garanhão da mocidade. Traía-me com qualquer vagabunda. Era fissurado numa “mocinha”. Não aguentava ver uma e, dizia que aquilo tinha cheiro de vida. Até que um dia eu lhe dei uma surra daquelas, quase o matei, e lhe prometi, por todos os santos do céu, que, se um dia me traísse de novo, não o perdoaria. Logo, comadre, é bom averiguar essa história de baralho, to sentindo que aí tem coisa das "brabas". Tem macaca nova no galho!!!
          Dona Efigênia arregalou seus olhos grandes e negros, amarelou, e disse balbuciando: - Ah, meu Deus! Será que foi ele? Ela foi desfalecendo... E, dona Célia preocupada, começou a abanar sua comadre, e dizia-lhe que era brincadeirinha, imaginação fértil, que era uma lorota. Bobagem... A amiga, aos poucos, foi se restabelecendo e zarpou.
          A mãe de Edviges, que num cantinho imperceptível ouvira aqueles mexericos, dizia a si mesma: Isso não pode ter acontecido com a minha filha... Se algum velho safado fez isso, eu mato.
          Quando dona Marcelina foi ter com a filha, a porta do quarto estava fechada, só se podia ouvir o barulho do chuveiro ligado e o choro de Edviges. Sua mãe implorou para que ela abrisse a porta, mas tudo que conseguiu ouvir da filha foi que estava cansada e lhe deixasse em paz.
          No outro dia Edviges desceu cedinho para tomar o café e ir para o colégio. A mãe, ao vê-la, foi logo falando:- Minha filha, onde dormiu à noite passada?  Responde, menina!... Eu estou falando com você?!!!
          Edviges, nada respondeu, permaneceu estranha, como se nada tivesse acontecido. Acendeu um cigarro do pai que estava sobre a mesa, causando mais estranheza na mãe, pois ela não fumava. Vendo a filha se engasgar, pois não sabia tragar, nervosa, falou enfurecida: - Agora fuma também?!  O que está acontecendo com você? Onde passou a noite?
           Naquele momento, como se tivesse sido teletransportada, simplesmente, apagou o cigarro e, calma, respondeu:- Nada mamãe. Se a senhora quer saber sobre o que aconteceu, eu não sei lhe explicar. Eu só me lembro que estava indo para a casa de Isabela, quando me deparei com uma coisa. Ele avançou em mim e eu caí, devo ter batido com a cabeça numa pedra, e não me lembro de nada... A propósito, papai está melhor?
          Balançando a cabeça, negativamente, desconfiada daquela conversa, resolveu fingir que acreditava na filha, era o melhor a fazer naquela hora, e disse: - Sim, minha filha, seu pai está bem melhor, agora, que você voltou sã e salva. Acho bom você se apressar com o café e ir para a escola, senão vai chegar atrasada. Falei com a professora e ela vai lhe dar uma nova prova. Aliás, não quero que você saia mais à noite sozinha, mais uma dessa, eu e o seu pai não aguentaremos.
          Edviges, sem graça, respondeu à mãe: - Eu sei, mamãe, não se preocupe, isso não vai mais se repetir. O que Edviges não sabia, era que a cidade inteira estava comentando, maldosamente, sobre a sua honra. Houve muito tititi sobre aquele episódio.  Ela perdeu muitas amigas por isso.
        Já havia passado dois meses e meio desde o acontecido, quando Edviges começou a notar algo estranho em seu corpo. Seus seios estavam maiores e doía, a menstruação atrasada, sentindo enjoos, e muito sono. Quando a mãe descobriu a gravidez da filha resolveu inventar para a sociedade, e até mesmo para o padre, que ela estava gestante de uma coisa doutro mundo. Que, no dia do seu sumiço, um disco voador aterrissou e alguém se aproveitou da pobrezinha.
          Pouca gente acreditou nessa história. As fofocas aumentaram ainda mais. Acirraram-se as bisbilhotices. Por onde a garota passava era apontada como vadia, e que aquele filho era fruto de um adultério, filho de seu Bartô – o marido de dona Efigênia. O que o levou a ter a fama de “papa-anjo”, de pedófilo, “comedô”. O homem “ficou em papos de aranha” na cidade. Perdera os velhos amigos. Andava triste, cabisbaixo, não era mais o homem alegre de antes. O falatório se encarregou de transformar aquela mentira numa verdade absoluta, e o homem foi condenado, sem ao menos ter a chance de se defender.
          A cidade ficou polvorosa. Os comentários, nas rodinhas de aposentados, eram: “- Como Bartô, naquela idade, havia conseguido tal proeza, embuchar aquela jovenzinha...”.  Isso causou inveja e deixou muitos velhos excitados. Alguns chegaram a se engraçar com as moças mal faladas. Outros chegaram a oferecer todo o seu salário em troca de um carinho mais fervoroso. Foi um “deus nos acuda!” As meninas ficaram aturdidas. Mas, somente a Gaia – a fácil – cedeu, e depenou até o último centavo de meia dúzia de velhinhos desesperados.
          O que os cidadãos de Santana do Sul não sabiam, era que algo de sobrenatural estava acontecendo e desejava as moças daquele lugar. Já era mais de meia noite, quando Isabela Caputte foi despertada por um longo beijo roubado que a enlouquecera de prazer, foi envolvida, tomada e amada, nunca havia sentido nada igual antes. Aquele momento foi mágico, foi lindo. Ao acordar não sabia se tinha sido real ou se havia sonhado mesmo.
          O moço enfeitiçava todas as mulheres. Ele se transformava no homem dos sonhos de cada uma, por isso, era irresistível. Sabia como e quando devia aparecer e tocá-las, possuí-las. Nem uma resistia aos seus encantos.
          Isabela foi amada numa noite de magia, prazeres e mistérios. Ao acordar descobriu que tinha sido deflorada pelo homem de seus sonhos. Chorou, depois pensou: “provei o gosto gostoso do pecado...”. Em seguida, sorriu, e pensou novamente: “Quem me fez mulher? Quem?”.
          Passado algum tempo, ela começou a sentir os sintomas da gravidez. Foi então que resolveu contar tudo à sua amiga, Mariana: -  Pimentinha, tô frita!
          Morrendo de curiosidade, disse: -  Conta logo!... Isabela Caputte, meio sem graça, contou sua história advertindo: - Então ouça e não me interrompa.  Há um mês estava no meu quarto dormindo, quando fui despertada por um longo beijo roubado, fazendo-me ficar sem forças. Aquele era o homem dos meus sonhos. Fascinou-me, seduziu-me, e, então, fui tocada, não resisti e me entreguei de corpo, alma e mente. Foi eletrizante.  Foi um anjo que caiu em minha cama e tomou posse de mim. Hoje, tenho certeza que estou esperando um filho dele, tenho os mesmos sintomas que Edviges dizia sentir no início de sua gestação.
          Mariana teve uma crise de risos e disse à amiga: - Conta outra, Isabela... Tá bom!  Quase acreditei nessa sua história Shakespeariana. Mas, por favor, tenha a santa paciência! Um rapaz lindo, aqui em Santana do Sul, e, ainda por cima, com tal poder de sedução?! Você está inventando isso para não ficar falada também, não é?  Foi o mesmo velho tarado – seu Bartô – não foi? Agora, não adianta guardar segredo. Todo mundo vai saber. Se o filho é dele, o velhinho é porreta mesmo! Até que enfim, um homem está resolvendo os problemas das moças deste lugar nojento, deste fim do mundo! Agora, você está arrependida, e vem com uma história bonita dessa?
          Isabela começou a chorar, e disse: - Sabia que você não ia acreditar em mim. Tudo o que disse é verdade, mas, acho que você está certa, em parte: este homem é um mistério. Será um anjo mesmo ou um demônio?!!!
          Mariana, vendo a preocupação da amiga, percebeu que aquilo não era uma brincadeira; que falava sério. Resolveu investigar melhor àquela história, e perguntou: - Como assim, um mistério?  Você perdeu a sua virgindade e engravidou de uma pessoa, e não sabe nem quem é?
          Isabela começou a explicar à amiga:- Ele é uma espécie de zumbi, entende? Um cara lindo, mas, estranho. É o que me leva a acreditar que ele não é daqui.  Sua juventude e seu vigor físico é deslumbrante.  Seu rosto de anjo, e, principalmente, sua voz, inconfundível... E àquele perfume... É o mais aromático que já senti em toda a minha vida. Meu corpo ainda tem o cheiro dele. É um homem irresistível. Não tem nada a ver com o coitado do seu Bartô. Aquele velhinho não faz mal nem para uma mosca morta... Aquele Anjo Loiro é o homem do meu sonho.
          Foi aí que Mariana ligou os fatos sobre o que havia acontecido com Edviges, e foi dizendo: - Esse perfume do qual você está me falando é o mesmo que a Edviges me disse ter sentido também. Eu bem que desconfiei daquela história absurda de ter sido engravidada por um “ET” conforme a mãe  dela disse.  Desconfiei também dos boatos de que teria sido o pobre daquele velho.  Por mais desesperada que esteja uma de nós, é impossível sentir tesão por um velho gagá, babão daquele! Perdoa-me, amiga! Vou desvendar esse mistério, custe o que custar!
           Mariana deu com a boca no mundo, salvou o casamento do seu Bartô – que voltou a conviver em paz com a sua esposa e com os amigos.  Mas ela deixou a cidade em pé de guerra, assombrada, com a notícia de que um bonitão atacava as virgens, as ninfetas e as mulheres bonitas e mal-amadas. Foi como se tivesse jogado uma bomba no coração de cada família e quebrado certos tabus.
Depois que a notícia ganhou repercussão regional, teve moça que deixava a janela do quarto aberto, na esperança de ser amada pelo famoso “bonitão”.  Os comentários eram tão fortes, que até algumas senhoras casadas – mal-amadas, aderiram à ideia também.
          A cada dia, sempre depois da meia noite, ele fazia mais uma vítima. Nem mesmo a neta do delegado escapou de sua sedução. Foi paixão ao primeiro toque de amor. Como um anjo, desposou-a carinhosamente... Pedrina contava sem rodeios que tinha sido tocada por ele como sonhava, como lia nas fotonovelas... Dizia: “Foi romântico, foi lindo, foi eterno... Ele é o meu anjo loiro”. Engravidou também.
          O falatório deu “corda” aos desejos insaciáveis. Foi então que o delegado resolveu caçar O ANJO LOIRO – vigiando as janelas. Fazia rondas cada vez mais modernas, utilizando-se de tecnologia avançada que dispunha, ou a que conseguia através da Secretaria de Justiça do seu Estado. Mas, nada conseguia detectá-lo. O homem tinha um pacto com as forças do além. Nunca visitava a mesma amada duas vezes. O homem era um procriador.  A pergunta era: De quem? Por quê?
          Havia se passado seis meses e a polícia não o identificou. O tempo foi se passando, e “O Anjo Loiro” foi conquistando simpatizantes. Já havia gente que desejava que ele possuísse a sua filha para ter netos e ver a continuidade de sua geração. As janelas abertas de famílias tradicionais denunciavam o sinal de aprovação. Muitos velhos assinaram um documento exigindo que o delegado abandonasse o caso, que deixasse o homem encantado em paz, que pudesse aparecer livremente e sem medo, mostrasse a sua face.
          Quando nasceu o primeiro bebê, lindo e fofo, a polícia parou de caçar o Anjo Loiro... O povo pedia e rezava para que a sua filha fosse a próxima escolhida. Aquela criança deu vida e esperança à população daquele lugar esquecido do mundo. Aos poucos, foi nascendo uma após outra, e o crescimento daquela cidade foi inevitável. O perfil das crianças era de acordo com o sonho das possuídas.
          Após alguns anos, os meninos loiros, morenos, negros, japoneses e de todas as raças e sonhos, povoaram aquele lugar que dantes estava condenado a desaparecer do mapa. Eram muitos, e a cidade ganhou cara e vida nova. Seu número de habitantes passava de sete mil, e todos eram parentes.  Tornaram-se patriotas a tal ponto que nasciam e morriam ali, sem ter vontade ao menos de conhecer outro lugar. Ali era o paraíso do mundo. As mulheres responsáveis por essa geração eram idolatradas pelos seus descendentes.
          Muitas moças e mulheres de outras localidades iam aos bailes e às festas na cidade dos meninos belos: Os filhos do Anjo Loiro – atraídas pela beleza e a fama do vigor físico que tinham.  As moças que apareciam lá, logo ficavam apaixonadas. Namoravam, noivavam e se casavam. Os filhos dessa geração eram criaturas abençoadas.
          O Anjo Loiro, satisfeito com a sua criação, resolveu confidenciar o seu segredo para o seu verdadeiro amor, dizendo:- Sou um espírito de luz. Tudo o que fiz foi por amor a este lugar que estava condenado a desaparecer. Sou a semente da vida...  Lá de cima, senti o seu fim. Foi-me dada à missão de povoá-lo. De acordo com o sonho de cada mulher renascia a minha esperança... Por isso eu me transformei de acordo com o homem que cada uma queria. Mas, eu me apaixonei por você. Pedi para o meu superior, para que eu me reencarnasse e pudesse viver como um ser humano e me casasse contigo. Somente você, Edviges, sabe disso. Ninguém nem desconfia que sou o pai dessa enorme geração. Sou um homem feliz por ser o progenitor de tantos sonhos e poder ter salvo esta cidade. Todavia estou mais feliz por ter encontrado o meu amor. Fui um sonho real para muitas, porém, vivo a minha realidade...  Você é, foi e será o meu sonho vivo eternamente, te amo!
          Edviges sorriu feliz da vida e pode entender o seu destino finalmente... Deu-lhe um beijo fogoso e o amor tomou conta daquele ambiente.

Fernandes, Osmar Soares, 1961,
Crisálida: a motivação da vida /
OSMAR SOARES FERNANDES,
Curitiba/PR, Editora Torre de Papel;
 1º edição, 2003, pág. 79 - 87
 (CDD (20ª ed./ B869.85)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

DEUS CRIOU O MUNDO REAL, O HOMEM O VIRTUAL



No princípio Deus criou os céus e toda a condição perfeita para a vida no planeta terra. Criou todo ser animado e inanimado e o homem e a mulher. O homem criou o computador, o celular e o mundo virtual; e a vida contemporânea, nunca mais foi a mesma.
A Terra é um dos oito planetas que giram em torno do Sol. Faz parte, portanto, do Sistema Solar. É o terceiro planeta a partir do Sol, a uma distância média de 150 milhões de quilômetros. Até onde se tem conhecimento, a Terra é o único planeta do Sistema Solar que tem condições de sustentar vida. Para existir vida são necessários oxigênio e água. A vida é possível na Terra porque ela tem água em sua superfície e o gás chamado oxigênio em seu ar. Além disso, ela possui a amplitude de temperaturas perfeita para a vida. Não é quente demais, como Vênus, nem fria demais, como Netuno. A temperatura média na Terra é de aproximadamente 16°C.
Charles Babbage, considerado o pai do computador atual, construiu em 1830 o primeiro computador do mundo, cem anos antes de se tornar realidade. Entretanto, a história da computação começou muito antes. O primeiro "modelo" foi o ábaco, usado desde 2000 a.C.
A história da tecnologia começou a ganhar forma com o primeiro computador digital eletrônico de grande escala: o ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Calculator). O computador foi criado em fevereiro de 1946 pelos cientistas norte-americanos John Presper Eckert e John W. Mauchly, da Electronic Control Company.
Só por volta de 1936, as ideias de Babbage foram comprovadas, quando um jovem matemático de Cambridge, Alan Turing, publicou um artigo, pouco conhecido, On computable numbers. Turing liderou uma equipe de pesquisa na Inglaterra e desenvolveu a mais secreta invenção da Segunda Guerra Mundial, o Colossus, o primeiro computador eletromecânico do mundo, que pode decifrar os códigos alemães de mensagens "Enigma". Depois da guerra, Turing colaborou no projeto do primeiro computador dos Estados Unidos, o Eniac (Eletrical Numerical Integrator and Calculator), desenvolvido na Universidade da Pensilvânia desde 1943. Ainda imperfeito, era composto de 18000 válvulas, 15000 relés e emitia o equivalente a 200 quilowatts de calor. Essa enorme máquina foi alojada em uma sala de 9m por 30m. O desenvolvimento do computador continuou, mas só com a invenção do transistor de silício, em 1947, tornou-se possível aumentar a velocidade das operações na computação.
Em meados dos anos 60, os cientistas observaram que um circuito eletrônico funcionaria de modo igualmente satisfatório se tivesse o tamanho menor. Os laboratórios começaram experimentando a colocação de um projeto de circuito no chip. Antes do fim dos anos 60, nasceu o "circuito integrado", com isso a computação deu um grande passo à frente. O desenvolvimento de um circuito em um único chip levou à construção de múltiplos circuitos em um só chip; e o resultado inevitável da colocação de vários chips juntos foi o começo do microprocessador.
Em 1956 a Ericsson, então, resolveu unir todas as tecnologias desenvolvidas anteriormente e finalmente criar o celular, chamado de Ericsson MTA (Mobilie Telephony A). O aparelho só era móvel se fosse levado em um carro, porque pesava quase 40 quilos, e o custo de produção também não facilitava sua popularização. Alguns anos se passaram até que em abril de 1973 a Motorola, concorrente da Ericsson, lançasse o Motorola Dynatac 8000X, um verdadeiro celular portátil (para a época), com 25 cm de comprimento e 7 cm de largura, pesando “apenas” 1 quilo e com uma bateria que durava 20 minutos.
O evento que marcou o lançamento foi a primeira chamada telefônica celular móvel, feita de uma rua em Nova Iorque pelo engenheiro eletrotécnico da Motorola, Martin Cooper, para seu concorrente, o engenheiro Joel Engel, da AT&T. A partir daí Cooper passou a ser considerado o pai do celular.
Seis anos mais tarde os telefones celulares começam a funcionar no Japão e na Suécia. Nos EUA, apesar de ser o país sede da invenção, o funcionamento só começou em 1983, 10 anos depois de sua apresentação. No Brasil – o primeiro celular lançado aqui no país, em 1990, foi o Motorola PT-550 (acima), vendido inicialmente no Rio de Janeiro e logo depois em São Paulo. O aparelho já era um pouco mais compacto.
A Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) foi a responsável pela invenção da World Wide Web, ou simplesmente a Web, como hoje a conhecemos. ... O responsável pela invenção chama-se Tim Berners-Lee, que construiu o seu primeiro computador na Universidade de Oxford, onde se formou em 1976.
Bill Gates nasceu na cidade de Seatlle, nos Estados Unidos, no dia 28 de outubro de 1955, e foi então batizado William Henry Gates III. Ainda bem jovem ele se transformaria em um dos mais bem-sucedidos empreendedores, ativista em prol de uma vivência humana mais saudável, escritor e, acima de tudo, o fundador, ao lado do amigo e parceiro empresarial Paul Allen, da Microsoft, a mais importante e popular empresa produtora de softwares de todo o Planeta. Ele foi um dos desbravadores no campo da criação de um produto que subverteria o modo de vida no mundo moderno, o Computador Pessoal ou PC.
Realidade virtual é uma tecnologia de interface avançada entre um usuário e um sistema operacional. O objetivo dessa tecnologia é recriar ao máximo a sensação de realidade para um indivíduo, levando-o a adotar essa interação como uma de suas realidades temporais. Para isso, essa interação é realizada em tempo real, com o uso de técnicas e de equipamentos computacionais que ajudem na ampliação do sentimento de presença do usuário.
Além da compreensão da RV como simulação da realidade através da tecnologia, a RV também se estende a uma apreensão de um universo não real, um universo de ícones e símbolos, mas permeando em um processo de significação o espectador desse falso universo o fornece créditos de um universo real. Em suma, uma realidade ficcional, contudo através de relações intelectuais, a compreendemos como sendo muito próxima do universo real que conhecemos. DEUS CRIOU O MUNDO REAL, O HOMEM O VIRTUAL.



quarta-feira, 24 de maio de 2017

Min. Joaquim Benedito Barbosa Gomes



Antes de sua nomeação para o Supremo Tribunal Federal, o Ministro Joaquim Barbosa exerceu vários cargos na Administração Pública Federal. Foi membro do Ministério Público Federal de 1984 a 2003, com atuação em Brasília (1984-1993) e no Rio de Janeiro (1993-2003); foi Chefe da Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde (1985-88); foi Advogado do Serviço Federal de Processamento de Dados-SERPRO (1979-84); foi Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia; foi compositor gráfico do Centro Gráfico do Senado Federal.

          
          Foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal por Decreto de 5 de junho de 2003, para a vaga decorrente da aposentadoria do Ministro José Carlos Moreira Alves e tomou posse em 25 do mesmo mês. Foi eleito por seus pares na Sessão Plenária de 22 de novembro de 2012 para exercer a Presidência do Supremo Tribunal Federal para o biênio de 2012-2014. Aposentou-se por Decreto de 30 de julho de 2014, publicado no DOU, Seção 2, p.3 em 31 de julho de 2014.
         Paralelamente ao exercício de cargos no serviço público, manteve estreitas ligações com o mundo acadêmico. É Doutor e Mestre em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas), onde cumpriu extenso programa de doutoramento de 1988 a 1992, o qual resultou na obtenção de três diplomas de pós-graduação. Cumpriu também o programa de Mestrado em Direito e Estado da Universidade de Brasília (1980-82), que lhe valeu o diploma de Especialista em Direito e Estado por essa Universidade.
           É Professor licenciado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde ensinou as disciplinas de Direito Constitucional e Direito Administrativo. Foi Visiting Scholar (1999-2000) no Human Rights Institute da Columbia University School of Law, New York, e na University of California Los Angeles School of Law (2002-2003).
           É assíduo conferencista, tanto no Brasil quanto no exterior. Foi bolsista do CNPq (1988-92), da Ford Foundation (1999-2000) e da Fundação Fullbright (2002-2003).
           É autor das obras "La Cour Suprême dans le Système Politique Brésilien", publicada na França em 1994 pela Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence (LGDJ), na coleção "Bibliothèque Constitutionnelle et de Science Politique"; "Ação Afirmativa & Princípio Constitucional da Igualdade. O Direito como Instrumento de Transformação Social. A Experiência dos EUA", publicado pela Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2001; e de inúmeros artigos de doutrina.
           Nasceu em Paracatu, MG, onde fez os estudos primários no Grupo Escolar Dom Serafim Gomes Jardim e no Colégio Estadual Antonio Carlos. Cursou o segundo grau no Colégio Elefante Branco, de Brasília. Fez também estudos complementares de línguas estrangeiras no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha.